segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O vírus Zika

Um grave problema de saúde pública detectado recentemente no Brasil é aumento do número de nascimentos de bebês com microcefalia, isto é, com a cabeça e o perímetro cefálico menor.

Este problema tem sido relacionado com as infecções pelo Zika Vírus (ZIKV), contudo ainda não existem evidências científicas que comprovem esta relação. Outros fatores também podem estar relacionados. Um texto bastante pertinente foi publicado pela ABRASCO em sua página que vale a pena ser lido.


Mas, vamos falar um pouquinho sobre o tão falado ZIKA.


Que vírus é este?


O ZIKV é um é um flavivírus que foi identificado em 1947 na floresta Zika em Uganda na população de macacos rhesus. Existem duas linhagens principais do vírus, um africano e um asiático.


A doença:


O ZIKV é causador de uma virose que tem como principais sintomas clínicos:


- Febre baixa;

- Dores nas articulações (principalmente das mãoes e dos pés) com possível inchaço;
- Erupção maculopapular (começando primeiro na face e espalhando pelo corpo);
- Hiperemia conjuntival ou conjuntivite não purulenta.

Pode também ocorrer dores musculares, fraqueza e dores de cabeça.


O período de incubação varia de 3 a 12 dias e os sintomas são geralmente leves com duração de 2 a 7 dias. Pessoas infectadas poderão também desenvolver a Síndrome de Guillain-Barré.


Como se dá a transmissão?


O ZIKV é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti que também é o vetor da Dengue e da Chikungunya. Já foi identificada a presença do vírus em fluídos humanos como a saliva e o sêmen. Está sendo também investigada a transmissão do vírus através destes fluídos.


O que sabemos da história desta doença?


No ano de 2007 ocorreu um surto da doença nas ilhas Yap na região da Micronésia. Em 2013-2014 ocorreu outro surto na Polinésia Francesa com propagação também para as ilhas da Nova Caledônia, ilhas Cook e Ilha de Páscoa.


Em fevereiro de 2015 começaram a surgir os primeiros casos da infecção por ZIKV no Brasil. 


O grave problema de saúde pública


Ao longo do tempo e também no ano de 2015 começou a aumentar os nascimentos de bebês com microcefalia em alguns estados brasileiros e principalmente no estado de Pernambuco.


O ZIKV foi também identificado no líquido amniótico e, embora pareça existir uma associação entre a infecção pelo vírus Zika e a ocorrência de nascimentos de bebês com microcefalia os pesquisadores da área ainda não confirmaram uma relação de causa e efeito. É verdade que existem a coexistência de Zika com microcefalias contudo é importante e fundamental investigar outras possíveis causas. 


No dia 11 de novembro de 2015 o Ministério da Saúde (MS) do Brasil declarou a ocorrência de microcefalias com possível relação com o Zika Vírus (ZIKV) uma "Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional".



No dia 1 de Dezembro a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta para esta anomalia congênita e também para a síndrome neurológica aguda, síndrome de Guillain-Barré, com possíveis associações com o ZIKV.

Depois de mais de 1000 nascimentos de bebês com microcefalia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniu de emergência no dia 1 de fevereiro de 2016, na cidade de Genebra, Suíça, e decretou a existência de uma "crise internacional de saúde" devido às microcefalias.


Em janeiro de 2016 a OMS lançou a ficha técnica sobre o Vírus Zika e está disponível neste link.


A texto da reunião do Comitê de Emergência da OMS pode ser lido aqui.


Na Europa


É possível a introdução do vírus na região autônoma da Madeira dependendo da evolução do surto na América do Sul, considerando a existência do mosquito Aedes 
Aegypti nesta região e da movimentação de viajantes entre as regiões onde existe atualmente a doença.


Em 2012 a ilha da Madeira sofreu com um surto de dengue tendo sido notificados mais de 1300 casos da doença.


Os profissionais de saúde devem estar atentos para possíveis viroses em doentes que viajaram para áreas onde a doença existe, principalmente no diagnóstico diferencial entre dengue e chikungunya.


Atualmente Portugal já teve 6 casos confirmados de ZIKV, todos importados da América do Sul (Brasil e Colômbia).


A prevenção


O combate ao ZIKV passa principalmente por combater o seu vetor, o mosquito Aedes Aegypti nas regiões onde ele existe.


Veja aqui como combater o Aedes Aegypti.


Fontes:
- European Centre for Disease Prevention and Control. Rapid risk assessment: Zika virus infection outbreak, Brazil and the Pacific region – 25 May 2015. Stockholm: ECDC; 2015